Por que o Kansas, tradicionalmente republicano, rejeitou o fim do aborto | Blog da Sandra Cohen

Por que o Kansas, tradicionalmente republicano, rejeitou o fim do aborto | Blog da Sandra Cohen

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Quando em junho passado a Suprema Corte derrubou a histórica decisão Roe vs Wade, que estabelecia há quase meio século o direito ao aborto nos EUA, o presidente Joe Biden vaticinou: só o eleitor teria o poder para responder, com o voto, a essa derrota judicial. Na terça-feira, o eleitor do Kansas, estado mega conservador do Meio-Oeste americano, atestou nas urnas a previsão do presidente, dizendo não a uma emenda que anularia as proteções ao aborto.

A inesperada vitória do movimento pró-aborto num estado tradicionalmente vermelho do mapa eleitoral deu impulso nacional aos democratas nas eleições legislativas de meio de mandato, em novembro. Foi também o primeiro indício de que a decisão da Suprema Corte sobre o aborto revelou-se um tiro no pé para os republicanos, alinhados aos movimentos pró-vida.

Cerca de 60% dos eleitores do Kansas rechaçaram a medida, que abriria caminho, como já ocorre em outros estados, para mudar a Constituição estadual, restringindo, ou até proibindo, a interrupção da gravidez.

Mulheres comemoram decisão que mantém direito ao aborto no estado do Kansas — Foto: Charlie Riedel/AP

Atualmente, o aborto no Kansas é considerado legal até as primeiras 22 semanas de gestação, respaldado por uma decisão de 2019, da Suprema Corte do estado, que protege o direito da mulher de tomar decisões sobre o seu corpo. Dados do Departamento de Saúde estadual dão conta de que a maioria dos abortos envolve uma mulher negra, solteira, entre 20 e 30 anos, e que já tem filhos.

O que fez então o eleitor que votou de forma contundente em Donald Trump, num estado também regido por um legislativo republicano, rejeitar a possibilidade de mudar a Constituição? Aparentemente, a própria decisão da Suprema Corte federal alimentou a raiva e o desprezo e fez com que, logo após ser anunciada, o recenseamento eleitoral do Kansas registrasse um aumento drástico de solicitações para o comparecimento às urnas.

Monumento “A Contemplação da Justiça” posicionado do lado de fora da Suprema Corte dos EUA — Foto: Evelyn Hockstein/REUTERS

A revogação de um direito adquirido em 1973 pelo mais alto tribunal do país se revelou impopular entre os americanos. Segundo uma pesquisa recente da CNN, 63% desaprovaram a decisão, que se concretizou somente porque Donald Trump nomeou três juízes conservadores para a Suprema Corte e alterou o equilíbrio de sua composição.

Esse primeiro teste eleitoral no mundo sem Roe x Wade mostrou também o quanto as decisões manipuladas nos legislativos podem se revelar distantes dos anseios do eleitor comum.

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